domingo, 10 de março de 2024

 Este artigo do Pr. Ed René Kivitz é, antes de mais nada, uma declaração de amor ao próximo. Leia e delicie-se 

com aquilo que as palavras transmitem e com uma visão correta de Igreja, com "I" 
maiúsculo.
Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio
 
Mensagem de 10/3 
 
Servir: privilégio de poucos
 
 
   É natural ao coração humano a busca de conforto, status, poder e tudo quanto vem agregado a estas
 realidades. Tiago, João e sua mãe foram até Jesus solicitar tais privilégios na consumação do reino de Deus.
 Jesus não disse nem que sim, nem que não, mas aproveitou para reforçar que o reino de Deus é reino de servos e,
 portanto, os servos são os verdadeiros governantes do mundo. No reino de Deus, o privilégio e o ônus de governar
 não é das "pessoas importantes", mas dos servos, até porque, governar é servir. No reino de Deus, a maneira de 
governar não é exercendo domínio sobre os governados, mas servindo os governados, até porque, governar é
 servir. Na lógica do reino de Deus, o oposto também é verdadeiro: servir é governar.

   Para servir é necessário sair da zona de conforto, isto é, fazer o indesejado, dedicar tempo para tarefas pouco
atraentes, assumir responsabilidades desprezadas pela maioria, fazer "o trabalho sujo", enfim fazer o que
 ninguém gosta de fazer. Para servir é necessário vencer o orgulho, isto é, se dispor a ser tratado como escravo
, ter os direitos negligenciados, ser desprestigiado, sofrer injustiças, conviver com quase nenhum 
reconhecimento, enfim, não se deixar diminuir pela maneira como as pessoas tratam os que consideram em
 posição inferior. Para servir é necessário abrir mão dos próprios interesses, isto é, pensar no outro em primeiro
 lugar, ocupar-se mais em dar do que em receber, calar primeiro, perdoar sempre, sempre pedir perdão, enfim,
 fazer o possível para que os outros sejam beneficiados ainda que às custas de prejuízos e danos pessoais.

   Não é por menos que em qualquer sociedade humana existem mais clientes do que servos. Servir não é
 privilégio de muitos. Servir é para gente grande. Servir é para gente que conhece a si mesma, e está segura de
 sua identidade,a tal ponto que nada nem ninguém o diminui. Servir é para gente que conhece o coração das 
gentes, de tal maneira que nada nem ninguém causa decepção suficiente para que o serviço seja abandonado
Servir é para quem conhece o amor, de tal maneira que desconhece preço elevado demais para que possa 
continuar servindo. 
Servir é para quem conhece o fim a que se pode chegar servindo e amando, de tal maneira que não é motivado
 pelo reconhecimento, a gratidão ou a recompensa, mas pelo próprio privilégio de servir. Servir é para gente
 parecida com JesusServir é para muito pouca gente.

  A comunidade cristã - a Igreja, pode e deve ser vista, portanto, como uma escola de servos.. Uma escola onde 
aprendemos que somos portadores do dna de Deus, dignidade que ninguém nos pode tirar. Uma escola onde
aprendemos que, por mais desfigurado que esteja, todo ser humano carrega a imagem de Deus. Uma escola 
onde aprendemos a amar, e descobrimos que, se "não existe amor sem dor", jamais se ama em vão. Uma 
escola onde aprendemos que "mais bem aventurada coisa é dar do que receber".

   Servir é mesmo privilégio de poucos. De minha parte, preferiria ser servido.. Mas aí teria de abrir de mão do
 reino de Deus. Teria de abrir mão de desfrutar do melhor de mim mesmo. Teria de abrir mão de você. 
Definitivamente, me custaria muito caro. Nesse caso, continuo na escola.

© 2008 Ed René Kivitz

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