A IMORTALIDADE DA RESSURREIÇÃO
Autor: Pr. Enio Starosky, teólogo, filósofo, mestre e doutor em Ciências da Religião pela UMESP e diretor do Colégio Luterano
Mensagem de 1º de Dezembro de 2024
Estamos entrando em Dezembro, o mês que hoje representa o nascimento de nosso Salvador. Para comemorarmos isso, sua obra salvífica, nada melhor que algumas pinceladas do eminente Pastor Enio Starosky sobre A imortalidade da ressur reição. Vamos às considerações;
"Entendemos que a igreja precisa refletir urgentemente sobre os conceitos "imortalidade da alma " e "ressurreição ". E analisar qual conceito ocupou com maior frequência os seus púlpitos e outros espaços pastorais. É importante que procure estar atenta a esse problema, pois suspeitamos- ainda que involuntariamente- a igreja anunciou muitas vezes um princípio estranho à antropologia bíblica. À igreja cabe a tarefa de se apegar à Escritura, deixando de lado todo tipo de acomodação racionalista. Cabe a ela denunciar a concepção platônica idealista e perfeccionista de homem; uma concepção que pode até parecer confortável à razão, que, porém, não está de acordo com o ensino bíblico sobre o destino do homem após sua morte.
Usar a expressão "Imortalidad e da alma" sem que se saiba em que sentido é compreendida, pode levar a pensamentos estranhos ao cristianismo. Especialmente o ensino de que o corpo humano não passa de um cárcere da alma; de que a morte é simples passagem para a eternidade e pode dispensar qualquer intervenção divina. Mas, sobretudo, preocupa-nos o uso da expressão "imortalidade da alma" porque ela alimenta e reforça a ideia de autorrendenção. E isto reflete o que é anunciado por toda forma de religiosidade humana desde tempos imemoriais.
A Igreja não pode e nem deve abdicar do anúncio da sua mensagem central: a ressurreição do corpo. Nem abrir mão do ensino de que, assim como Jesus, na manhã da Páscoa, ressuscitou num corpo glorioso, também ressurreição similar ocorrerá no "fim dos tempos" quando Cristo retornar "sobre as nuvens do céu, cercado de glória e de majestade" Mt 24.30. Também o cristão terá um corpo celestial na sua ressurreição.
Não cabem pensamentos racionalistas, idealistas ou perfeccionistas nesta doutrina, pois a igreja espera tudo de Deus. É sua missão anunciar que o Criador fez o homem e não o dividiu em partes, sendo uma mortal e outra não. A preocupação da igreja deve ser o anúncio da certeza da ressurreição de Cristo. Esta é a verdadeira vitória a ser proclamada pelo cristianismo.
O cristão é o único que pode "zombar da morte": "Onde está, ó morte e tua vitória? Onde está , ó morte a tua força?" Se houve desvio de ênfase na pregação cristã a respeito da doutrina da ressurreição, isto se deve, indiscutivelmente, à ideia de "imortalidade da alma". Por isso, sugerimos abdicar a expressão "imortalidade da alma", a menos que as conotações dúbias sejam removidas. Claro que a igreja deve falar da imortalidade, porém não em "imortalidade da alma", pois ressuscitamos porque somos imortais, mas somos imortais porque ressuscitamos, em e por causa de Cristo, nosso Senhor!
Excerto do livro: Starosky, Enio
A IMORTALIDADE DA RESSURREIÇÂO: a imortalidade da alma à luz da doutrina da ressurreição /Enio Starosky; Santo André: Kapenke, 2017
ISBN 978-85-93894-05-3
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