quarta-feira, 30 de abril de 2014

A COPA COMO INSTRUMENTO POLÍTICO DE UM GOVERNO DESGOVERNADO

A Copa e seu o bode expiatório

Politizou-se o esporte mais popular do mundo, isso no país onde este esporte já é o mais popular, e onde ser populista é pop.

 
 
A Copa e o bode
Coroar o término de uma gestão governamental com a conquista do direito de sediar os maiores eventos esportivos do mundo não poderia ser mais auspicioso. “Só que não!”. Politizou-se o esporte mais popular do mundo, isso no país onde este esporte já é o mais popular, e onde ser populista é pop. Mas, assim como A Lagoa Azul, esse filme já foi assistido a exaustão, a própria história nos mostra que nem só de pão e circo vive o homem.
Foi assim em 70 quando o Brasil foi tri no México e a engenharia política militar fez deste feito esportivo o orgulho de uma nação reprimida. Os peronistas gostaram do que viram e não fizeram por menos em 78 quando o tenso momento político requeria manobras midiáticas, para que os holofotes estivessem voltados em direção aos gramados e o resultado não poderia ser outro se não um título moralmente questionável. A máxima peronista de que a política é um meio e não um fim para o bem estar social revelou-se mutante no momento em que o futebol tornou-se um meio para um fim politico. O futebol também foi utilitarista na França de 2008 onde o governo de Sarkozy estava sofrendo pressão crítico-midiática, envolto a crises e polêmicas sobre diversos esquemas de corrupção, o resultado do embrolho foi tão grande que causou até enjoo no melhor jogador do mundo momentos antes da final, outro efeito colateral foi um povo Francês feliz e orgulhoso fazendo carnaval na Champs-Élysées esquecidos dos problemas como se brasileiros fossem.
As vezes esse tipo de marketing político provoca o feito gol contra, e neste caso, melhor dizer que o tiro saiu em sentido contrário. A referência desta vez é Berlim 1936 onde Goebbels, então ministro da propaganda do Reich arquitetou uma exitosa e suja operação politico-diplomática para sediar os jogos a fim de promover a política nazista. Os alemães sagraram-se grandes campeões nos jogos de verão, mas Jessi Owens tratou de ferir gravemente a moral ariana hitlerista. Seus corações carregados de ufanismo hesitaram quando Owens mostrou a força negra ante uma plateia predominantemente racista e antissemita.
E em 2014? Cenas dos próximos capítulos. Mas o que se pode adiantar é que estão cometendo um crime contra um orgulho nacional. A camisa canarinha acaba perdendo o brilho dourado quando estádios e seus respectivos acessos são o objeto de atenção e preocupação da maioria, e não mais a bola que perpassa os limites do campo e que oportunamente adentra no interior das traves e descansa jubilosa, balançando no fundo da rede.
Fechando a conta e passando a régua, a culpa da excessiva politização do esporte é tanto daqueles que se opõem ao governo, quanto daqueles que são a favor, e no final das contas que nunca batem, o bode expiatório acaba sendo o Futebol, e no final das contas superfaturadas, o povo quem paga a conta e ainda é tachado de ignóbil por minorias influentes, numa demonstração clara de arrogância e desconhecimento proposital do que vem a ser uma democracia. A Copa do mundo tinha tudo pra ser um sucesso politico-administrativo e talvez esportivo, como geralmente é em países onde esporte, política e gestão são levados a sério, mas que nunca se misturam em detrimento de interesses tão mesquinhos.


Fonte: JusBrasil

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