terça-feira, 8 de abril de 2014

VAMOS MUDAR A MAIORIDADE PENAL OU VAMOS CONTINUAR A SUSTENTAR ASSASSINOS, ESTUPRADORES E OUTROS TIPOS DE BANDIDOS?

'Reagiu, tomou tiro', diz adolescente suspeito de matar empresário em SP

Jovem de 17 anos foi detido um dia após assaltar homem em Ribeirão Preto. Ao ser rendido, vítima entrou em luta corporal com suspeito e foi baleada.


Suspeito foi detido um dia depois do crime em uma casa no Parque Ribeirão  (Foto: Maurício Glauco/EPTV)Suspeito foi detido um dia após o crime, em uma casa no Parque Ribeirão (Foto: Maurício Glauco/EPTV)
“Não é a primeira, nem a última vez que uma coisa dessas vai acontecer. A culpa é dele, ele que pulou no bagulho. Reagiu, tomou tiro.” A declaração é do jovem de 17 anos, suspeito de matar o empresário Fabiano Lino de Azevedo, de 35 anos, com um tiro, durante um assalto na noite da última sexta-feira (4), em Ribeirão Preto (SP). O adolescente foi detido na tarde do dia seguinte e reconhecido pela namorada da vítima, que também foi rendida no roubo.
Azevedo foi abordado pelo menor e por outro homem, quando saía do escritório em que trabalhava, no bairro Alto da Boa Vista, acompanhado da namorada. Ao ser rendido, o empresário reagiu e entrou em luta corporal com o suspeito, que estava armado e atirou três vezes: um dos disparos atingiu o peito da vítima, que chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital.
“Ele me imobilizou, eu liguei o automático e dei um tiro nele mesmo. Isso vai estar sempre acontecendo no mundão. Quantos que não vai (sic) preso aí por dia por causa disso?”, afirmou o menor, detido pela Polícia Militar na tarde de sábado (5) em uma casa no bairro Parque Ribeirão - outros dois adolescentes foram apreendidos no mesmo local, mas acabaram sendo liberados.
A dupla chegou a fugir no carro do empresário, levando dois mil dólares e dois notebooks. Ao ser detido, entretanto, o adolescente alegou que os pertences ficaram com o comparsa, que conheceu na noite do crime. “O desgraçado sumiu com o carro. Ele tava (sic) comigo lá, me deixou na quebrada e sumiu. Ele é usuário de crack, ele que me chamou para roubar.”

Menor alegou ter atirado porque se assustou quando empresário reagiu (Foto: Mauricio Glauco/EPTV)Menor alegou ter atirado porque se assustou quandoempresário reagiu (Foto: Mauricio Glauco/EPTV)
 
Após ser ouvido pela polícia, o menor foi encaminhado ao Núcleo de Atendimento Integrado e levado à Fundação Casa. “Não é que eu me arrependo (sic). Infelizmente acontece, a gente não pode voltar atrás”, disse.
Transtorno de caráter
A frieza na atitude e nos relatos surpreende, mas é cada vez mais comum nas delegacias, principalmente entre menores de idade, explica o psicólogo Sérgio Kodato, coordenador do grupo de pesquisa "Observatório da Violência", na Universidade de São Paulo (USP). Kodato afirma que esse tipo de comportamento é classificado como psicopatia, ou falha de caráter, e tem origem em experiências negativas vividas na infância, como abandono, rejeição ou violência por parte dos pais.
“É um adolescente com nível de inteligência normal, ou superior, mas com ausência de culpa. O indivíduo comete atos atrozes, mas não se arrepende daquilo que fez. É uma falha de caráter, que vai levar a um indivíduo frio, manipulador, calculista, que não tem sentimento de piedade em relação à vítima. Mais do que isso, ele entende que a vítima reagiu, então é um ato perfeitamente normal atirar”, diz o psicólogo.
Falha de caráter tem origem em experiências negativas vividas na infância, diz Sérgio Kodato (Foto: Reprodução/EPTV)Falha de caráter tem origem em experiências
negativas vividas na infância, diz Sérgio Kodato
(Foto: Reprodução/EPTV)
Ainda segundo Kodato, a ausência de leis mais severas e de um trabalho psicossocial de recuperação do menor infrator colaboram para reforçar a criminalidade. “Esse menino tem 17 anos de idade e, por um crime de homicídio, vai ficar internado por, no máximo, três meses. O discurso que você ouve entre os meninos na Fundação Casa, é de que lá é um SPA."
Para o psicólogo, é fundamental que os menores infratores passem pelo que ele chama de “terapia do vínculo”, ou seja, estabelecessem um elo com uma espécie de “padrinho”, que fosse responsável pela reestruturação social e emocional do criminoso. “Nos Estados Unidos, quando um menino sai da unidade prisional, já existe um padrinho, que vai acolhe-lo, arrumar emprego, etc. Se você devolver para o mesmo lugar de onde ele veio, vamos continuar repetindo o mesmo ciclo.”

Fonte: portal G1, Ribeirão Preto

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